
Como Julian se tornou aquele tipo de pessoas que vimos e como ele pode mudar após as histórias de sua avó.
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Julian em Extraordinário
No primeiro filme, Julian é apresentado como antagonista de Auggie: arrogante, preconceituoso e cruel. Ele pratica bullying aberto contra o colega com deformidade facial, chamando-o de “aberração” e incentivando os outros a isolá-lo.
Essa postura não surge do nada:
- Seus pais reforçam preconceitos. A mãe de Julian chega a editar uma foto escolar para que Auggie não apareça, mostrando como a exclusão e a intolerância eram normalizadas em casa.
- Eles também protegem Julian das consequências — em vez de incentivarem a empatia, tentam justificar ou minimizar as atitudes dele. Assim, Julian cresce com a ideia de que não precisa se responsabilizar, pois sua posição social e familiar o “blinda”.
Ou seja, a influência dos pais o molda para a intolerância, a falta de compaixão e a arrogância.
O olhar da avó em Pássaro Branco
Na continuação, Julian escuta a história de sua avó judia, Sara, que viveu na França ocupada pelos nazistas.
- Ela relembra como foi protegida por um garoto, Julien, que apesar de ser visto como diferente (tinha uma deficiência na perna), mostrou coragem, humanidade e altruísmo.
- A narrativa revela que a verdadeira força está na empatia e na compaixão — valores opostos ao que Julian vinha praticando.
Aqui, surge o contraste:
- Os pais de Julian → ensinam intolerância, aparência acima de valores, privilégios sociais e exclusão.
- A avó de Julian → transmite uma memória de resistência, acolhimento e solidariedade em um contexto muito mais duro (a perseguição nazista).
O impacto dessa diferença na vida de Julian
Esse contraste é fundamental porque funciona como uma “quebra” na trajetória de Julian:
- Ao ouvir a história, ele se depara com um espelho: enquanto sua avó foi salva por alguém que, assim como Auggie, era alvo de preconceito, ele próprio estava reproduzindo o papel de opressor.
- A avó, ao narrar seu passado, mostra que a bondade pode surgir exatamente de quem é excluído — e isso faz Julian perceber a gravidade de suas atitudes contra Auggie.
- Isso também abre espaço para que ele reconstrua sua identidade: deixa de ser apenas reflexo dos valores distorcidos dos pais e encontra, na memória da avó, um modelo moral mais forte e humano.
Em termos psicológicos, podemos dizer que o encontro entre herança familiar negativa (pais) e herança familiar positiva (avó) gera um conflito interno que obriga Julian a se repensar. É o ponto em que ele deixa de ser apenas vilão e ganha complexidade.
Síntese da correlação
- Extraordinário mostra o Julian moldado pelos pais, arrogante, preconceituoso e protegido pelo privilégio.
- Pássaro Branco mostra o Julian em confronto com a memória da avó, que o faz perceber que sua vida foi construída sobre uma visão equivocada do outro.
- A diferença entre pais e avó é essencial: enquanto os pais sustentam a exclusão, a avó mostra, pela experiência de vida, que a empatia salva vidas.
Assim, a narrativa das duas obras sugere que a mudança é possível quando alguém se conecta com valores humanos mais profundos, mesmo que tenha sido criado em um ambiente de intolerância.
